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Já na antiguidade, Ovídio (43 a.C./17 d.C.), poeta romano, na sua obra “Metamorfoses”, afirmava: “E os homens, contentes com os alimentos produzidos sem que nada lhes fosse exigido, colhiam as bolotas que haviam caído da copa da árvore de Júpiter.” Esta citação destaca a relação harmoniosa entre os seres humanos e a natureza, evidenciando como as bolotas, fruto das azinheiras e sobreiros, eram uma fonte vital de alimento, sublinhando a importância das árvores e dos ecossistemas florestais na subsistência humana desde tempos remotos.
Segundo o estudo liderado pela investigadora Manuela Pintado da Escola Superior de Biotecnologia da Católica-Porto a bolota tem características nutricionais e funcionais surpreendentes: rica em fibra e hidratos de carbono, com um perfil de lípidos semelhante ao do azeite, sem glúten (o que a torna particularmente interessante para os doentes celíacos), alto teor antioxidante e muito rica em compostos que podem ajudar no combate de doenças como o cancro e o Alzheimer.
O Montado do Freixo do Meio foi pioneiro na utilização deste superalimento e tem sido o principal promotor na reintrodução deste fruto na alimentação regular, criando produtos únicos como o café de bolota, o pão e a broa de bolota, os biscoitos em forma de bolota, os hambúrgueres e enchidos feitos com bolota.
Participei na segunda semana nacional da bolota, em Montemor-o-Novo, em Março de 2017, onde tive a oportunidade (prazer, felicidade) de comer bolota transformada em todo o tipo de alimento (doces e salgados), desde bombons de chocolate com bolota, vários tipos de bolachas e biscoitos, mousse de bolota, migas de bolota, cozido com bolota, carne assada e estufada com bolota, bolota fermentada, bolota torrada etc.
A título pessoal, utilizo a bolota para produzir todo o tipo de pão (pão lusitano, pão alentejano, broa de milho com bolota etc.). Introduzi a farinha de bolota na confeção das broinhas doces ou broinhas da Páscoa (doce tradicional de Matosinhos).
Podemos afirmar que a bolota fresca pode ser utilizada em todos os modos de confeção gastronómica – cozida inteira, em forma de puré, assada, guisada, até caramelizada como a amêndoa, etc.
É minha convicção e tenho a esperança de que a bondade da bolota e dos alimentos com bolota, serão um grande contributo, para a alimentação humana e para a preservação do planeta.
José Luís Araújo
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Grão Mestre da Confraria Ibérica da Bolota
Frita-se um bom chouriço de carne cortado em rodelas num fio de azeite. Retira-se e junta-se 100g de bolotas, que se salteiam nesta gordura com sal marinho e tomilho a gosto, apenas por alguns minutos.
Junta-se ao chouriço e serve-se o petisco.
Receita cedida pelo chef Pedro Mendes do seu livro “Renascer da Bolota”
Ingredientes
Modo de preparação
Comece por separar as folhas da couve, retirando os talos mais grossos. Lave-as e escorra bem. Sobreponha as folhas, enrole-as e bata-lhes com o rolo da massa para quebrar as fibras. Corte-as em tiras e escalde-as durante 15 minutos em água a ferver.
Pique a cebola e o alho e salteie-os numa frigideira em azeite bem quente. De seguida acrescente o molho de tomate caseiro biológico Freixo do Meio, assim como a couve escorrida. Tempere com o sal e um pouco de pimenta.
Adicione a migalha de bolota e envolva durante 5-10 minutos até os ingredientes estarem ligados. Se necessário junte uma ou duas colheres do caldo da cozedura das couves. Junte os coentros picadinhos e molde as migas com a ajuda de duas colheres.
Ingredientes
Modo de preparação
Demolhe as bolotas no dia anterior e faça três mudas de água. Depois deste processo, coza as bolotas hidratadas em água a ferver durante 1 hora.
Noutra panela cozinhe as batatas, as cenouras, a courgette, as cebolas e os alhos descascados, durante 20 minutos. Depois dos legumes cozidos, junte a bolota previamente cozinhada. Triture tudo com a varinha mágica. Adicione o azeite e as folhas de espinafre. Deixe cozinhar até estarem cozidos (8-10 minutos) e sirva.
Faça um clássico refogado com azeite, cebola e alho picado e louro.
Frite as moelas neste preparado, temperadas de sal e pimenta. Junte duas colheres de sopa de tomate pelado e um copo de vinho branco. Deixe apurar cerca de 20 minutos em lume brando.
Salteie as bolotas temperadas de sal marinho até dourar e junte as moelas, na altura de servir.
Receita cedida pelo chef Pedro Mendes do seu livro “Renascer da Bolota”
Num tabuleiro de forno, deita-se 10 cl de bom azeite, 6 dentes de alho esmagado, uma rama de alecrim e uma rama de tomilho fresco. Dispõem-se as 8 codornizes temperadas de sal e pimenta e rega-se com Porto seco.
Leva-se ao forno pré-aquecido a 180º, por cerca de 15 min.
Serve-se com bolotas salteadas em bom azeite, salpicadas de sal marinho e alecrim.
Receita cedida pelo chef Pedro Mendes do seu livro “Renascer da Bolota”
Leva-se açúcar ao fogo até atingir o ponto de rebuçado, e, pacientemente, envolve-se cada bolota, que se retira e arrefece.
Receita cedida pelo chef Pedro Mendes do seu livro “Renascer da Bolota”
Trituram-se 400g de bolotas cozidas. Junta-se 100g de farinha de milho, 15cl de mel de cana e um ovo biológico.
Num tabuleiro, deitam-se colheradas em cima de uma manta de silicone ou papel vegetal untado com manteiga, e leva-se ao forno aquecido a 200g, por cerca de 12 min.
Receita cedida pelo chef Pedro Mendes do seu livro “Renascer da Bolota”
Ingredientes
Modo de preparação
Separe as gemas das claras e bata as claras em castelo. Junte as gemas com o açúcar e mexa até ficar uma mistura homogénea. Junte o azeite e misture bem. Junte as farinhas com o fermento e adicione o leite até ficar uma massa cremosa. Raspe a casca de um limão biológico e junte ao preparado. Por fim, coloque o preparado em formas de queques.
Leve ao forno pré-aquecido a 180°C durante 40 minutos.