A Sociedade Agrícola do Freixo do Meio, Lda., estrutura o trabalho de economia social desenvolvido nesta herdade alentejana há várias gerações, pretendendo essencialmente integrar e regular os diferentes usos deste Bem-comum.
O objetivo principal da Sociedade Agrícola do Freixo do Meio, Lda é gerir de forma eficiente e coletiva o Montado do Freixo do Meio, por forma a compatibilizar a melhoria permanente da relação com os recursos e a obtenção de abundância de bens e de serviços.
Foi criada em 1996 para gerir os recursos desta herdade no modelo tradicional, mas desde cedo enveredou por um modelo agroecológico.
Embora seja propriedade do agricultor Alfredo Cunhal Sendim, adotou uma fórmula baseada na gestão partilhada do espaço com outros projetos autónomos. A instituição mãe é responsável pela harmonia geral, além de ser responsável pela Área Protegida do Montado.
Os projetos autónomos estabelecidos desde 2009 contam hoje com o Mel da Família Abel, o Pomar do Carlos e da Catarina, os hortícolas e a transformação de carne da Maria, do Afonso e do João (Freixo Alimento), a agrofloresta do Marc, a agrofloresta do Afonso, o viveiro Healing Forest da Raquel e o projeto de inovação tecnológica TTT (Fundação Hella Boccara).
O que nos move hoje e amanhã
Inspirada na essência do Montado, a Sociedade Agrícola do Freixo do Meio promove um espaço de cooperação, de inclusão, de desenvolvimento pessoal, de trabalho e de construção de comunidade. Procura a concretização de uma comunidade que integre harmoniosamente o ecossistema a que pertence, que seja autónoma, resiliente, pacifica e ecuménica, num assumido alinhamento com a visão do Quinto Império de Agostinho da Silva.
A sua missão assenta na exigência, na transparência, na participação sociocrática, no conhecimento e na inovação, enriquecida pelas visões da ciência, da agroecologia, da permacultura e da soberania alimentar.
Agostinho da Silva
Apesar de todas as dificuldades, apesar de todos os obstáculos que um sistema económico, que de resto não poderia ter sido outro, lhes levantou, os homens mostraram sempre o seu desejo de cooperação, o gosto da vida em comum em que possam auxiliar-se, puseram sempre como ideal um estado de sociedade, uma organização em que não teriam de separar o seu interesse individual do interesse da comunidade, em que os dois aspetos da sua vida na terra formassem um todo e lhes dessem a harmonia, a paz, a tranquilidade interior que os homens buscam acima de tudo.
«As Cooperativas, Iniciação», 1942
Os princípios que norteiam a nossa atividade
- Atuar como empresa social procurando, acima de tudo, melhorar a comunidade em que vivemos.
- Valorizar e dignificar as pessoas que colaboram connosco.
- Promover o emprego estável dos residentes locais.
- Tratar o lucro como uma condição e não como um objetivo a maximizar.
- Construir solo vivo e saudável através da utilização de práticas como a rotação anual de culturas, o uso de composto, culturas de cobertura do solo, adubação verde e mobilização mínima.
- Praticar Agricultura Biológica certificada segundo as normas Europeias (Reg. (UE) 2018/848).
- Em prol da saúde dos solos, das pessoas e dos ecossistemas, rejeitar o uso de agrotóxicos de síntese química como pesticidas, herbicidas, fungicidas e fertilizantes.
- Rejeitar a utilização de organismos que foram alvo de edição genética, de recursos sintéticos, tóxicos e de radiações, em todas as etapas de produção e nas operações de pós-colheita.
- Gerir os animais e todos os seres vivos da herdade, numa perspetiva de elementos do ecossistema, respeitando as suas características e funções.
- Alimentar os ruminantes (vacas, ovelhas, cabras, cavalos e burros) exclusivamente com fibras naturais, como pastagem natural, germinados, feno e palha.
- Alimentar os omnívoros (porcos) e os granívoros (frangos e galinhas) com dietas adequadas, essencialmente através de cereais, pastagem natural, germinados, frutos, e de hortícolas.
- Não utilizar alimentos com elementos geneticamente editados, antibióticos, ivermectina ou hormonas sintetizadas, bem como todas as substâncias proibidas.
- Conservar e potenciar os recursos naturais, como a biodiversidade, o clima e a atmosfera, diminuindo a erosão e a poluição do ar, dos solos e das águas, através da aplicação de técnicas corretas.
- Criar e preservar raças autóctones nacionais e utilizar sementes e variedades vegetais locais sempre que possível.
- Maximizar o valor nutricional dos alimentos, através de uma colheita e abates efetuados nas alturas mais apropriados.
- Praticar o processamento mínimo dos alimentos, suficiente para preservar ao máximo o seu valor nutricional. Não usar radiações, ultrapasteurização, aquecimento excessivo, aditivos sintéticos ou derivados de organismos geneticamente editados.
- Incluir todos os ingredientes no rótulo do produto.
- Gerir e usar a água de uma forma responsável.
- Minimizar o impacto ecológico da herdade, usando o máximo de energias renováveis.
- Promover e gerir espaços que permitam a existência de vida selvagem em pelo menos dez por cento da herdade.
- Reduzir o número de quilómetros efetuados vendendo mais localmente.
- Garantir a higiene e segurança alimentar dos alimentos produzidos.
- Garantir segurança no trabalho.
- Ajudar a promover o mundo rural.
- Desenvolver e partilhar conhecimento em todas as áreas.
- Atuar de forma ética no mercado.
- Não praticar especulação comercial.
- Determinar o valor dos produtos através do custo de obtenção dos mesmos.
- Promover e cooperar com a investigação científica.