O Montado do Freixo do Meio acolheu, de 13 a 15 de Setembro, a segunda edição do evento bianual organizado pela Reflorestar Portugal. Aproximadamente 150 pessoas participaram nesta ação de convergência nacional. O primeiro encontro aconteceu em 2017 e reuniu 75 pessoas em Elvas. Atualmente, a comunidade cresce, reforça-se e aspira à criação de uma cultura regenerativa e articulada, de norte a sul e, do litoral ao interior, do país.
Entrevista a Susana Guimarães, cofundadora da Reflorestar Portugal
Assistimos a muitos grupos de trabalho neste encontro. De que se falou e como se organizaram nestes dias?
S.G. Estudámos duas estruturas neste evento. Sermos nós, enquanto organização, a propor tópicos de problemáticas já identificadas nos muitos trabalhos desenvolvidos por parte dos movimentos de cidadania; ou deixar à inteligência colectiva essa decisão. Então, acabámos pode deixar às pessoas decidir e gerou-se um momento de espaço aberto (uma tecnologia social) que permite às pessoas serem elas a decidir quais os tópicos a que se querem dedicar.
Debateram-se assuntos variados, desde a educação, de como as tecnologias e as plataformas virtuais nos podem servir e ajudar, questões mais técnicas sobre as plantas exóticas e as invasoras, tivemos também vários grupos sobre as questões legislativas, desde a agrofloresta às leis das florestas e de como nós, cidadãos, nos podemos posicionar e contribuir. Houve muitos temas (risos).
Qual a história da Reflorestar Portugal?
S.G. Nós começámos em 2017, após os primeiros incêndios em Pedrógão Grande, como uma reacção. Não podíamos esperar mais para dar resposta ao que estava a acontecer. Quando falamos de Reflorestar Portugal, estamos a falar de ecossistemas e de plantas, mas também de pessoas! Porque, para nós, isso só é possível se envolvermos as pessoas, se o elemento humano estiver presente. E, isso, implica revalorizar o trabalho com a terra, repovoar o mundo rural e resignificar tudo o que está relacionado com o viver “da” e “com” a terra.
Por isso, o nosso trabalho, ao longo de dois anos, tem sido muito focado no lado humano. Em inspirar e educar, de possibilitar a existência estes espaços [de encontro e diálogo] seguros para que as pessoas possam desenvolver-se, enquanto comunidade nacional de resposta ao que estamos a fazer. Também nos focamos na educação de técnicas que acelerem a regeneração dos ecossistemas sempre integrando o ser humano. E, nesse sentido, defendemos a agrofloresta porque é uma metodologia que permite regenerar a natureza e integrar o ser humano, ao permitir obter alimento e rendimento e, isso, parece-nos equilibrado. Nós somos parte do ecossistema e é mesmo suposto estarmos lá e a terra precisa dessa interação. Então, é resgatar esse nosso conhecimento e conexão.
O 3º Encontro pelas Florestas está previsto para a Primavera de 2021. Envolvam-se e integrem um dos núcleos regionais da Reflorestar Portugal.