Da Cooperativa de Usuários à Comunidade de Projectos Autónomos no Freixo do Meio

Em nome da direcção da Cooperativa de Usuários do Freixo do Meio, CRL, no início do mês de fevereiro deste ano, pedi ao presidente da assembleia geral, Paulo Magalhães, a suspensão da actividade desta instituição. Comuniquei a todos os intervenientes esta decisão e agradeci.

A incapacidade da gestão sustentável de uma organização transversal como a Cooperativa de Usuários não pode, evidentemente, pôr em causa o trabalho desenvolvido, nem os resultados alcançados, neste projecto ao longo de 30 anos. E muito menos a sua continuidade. Pelo que, aceitamos e procuramos novos caminhos. Optámos agora por fortalecer o modelo dos projectos autónomos, começado aqui há mais de 15 anos. Ou seja, um sistema formado por células mais pequenas, onde a gestão e a confiança entre os membros seja possível, que por sua vez cooperem umas com as outras.

A Ana Fonseca, a Ana Vasconcelos, a Susana Teles e eu, responsabilizamo-nos agora pela Sociedade Agrícola do Freixo do Meio, Lda. – organização que geriu este Montado desde 1996 até à formação da Cooperativa. Esta sociedade familiar assume o papel de guardiã do território do Freixo do Meio gerindo o projecto da Área Protegida, que abrange a totalidade da herdade, incluindo o monte. As unidades de transformação de bolota, secador solar, lagar de azeite, padaria, cozinha, bem como o centro de interpretação e os alojamentos, são geridos por nós.

A Maria Abel, o Afonso Cunha e o Joao Semedo, através da recentemente criada Sociedade Abel, Cunha e Semedo, Lda., asseguram a continuidade de gestão da produção de hortícolas e de frangos, a transformação de carne, bem como o programa CSA e a loja online. Este projecto autónomo, fundamental para assegurar a continuidade da ligação entre o produtor e o consumidor, é estruturado pela produção e existência da Sociedade Agrícola do Freixo do Meio, Lda., bem como por todos os outros projectos autónomos que co-habitam neste Montado: o mel da família Abel, o pomar da Catarina e do Carlos e as agroflorestas do Afonso e do Mark. O viveiro da Healing Forest da Raquel e do Bernardo, a criação de Biovivos do João e o TTT, centro de transferência e treino de alta tecnologia ecológica, da responsabilidade da Fundação Hella Bacara, complementam o atual conjunto de projetos autónomos aqui presentes.

Apesar de recentes, as mudanças, em sintonia com a Primavera, trouxeram ao Freixo do Meio o ambiente fresco que ele merece. E deram-nos a todos uma vontade redobrada de continuar a procurar servir o melhor possível este bem comum.
Muito grato.

Alfredo Cunhal Sendim

Freixo do Meio, 26 de Maio de 2022, dia da Espiga

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