Aos Co-produtores, Clientes e outros Usuários da Herdade do Freixo do Meio
No início deste ano queremos partilhar com todos o nosso ânimo em continuar a trabalhar para tentar usar bem, ou seja da forma mais responsável possível, a herdade do Freixo do Meio.
Mas também queremos que continue a fazer parte deste projecto, agora com a possibilidade de o fazer de uma forma mais estruturada através da participação na cooperativa que constituímos.
Fortalecidos e gratos pelo ano anterior, em que resumidamente: aumentámos significativamente a equipe humana; capacitámos a todos os níveis as estruturas da herdade; superámos uma severa seca; adoptámos novas práticas de gestão; ampliámos e consolidámos a comunidade de co-produtores no âmbito do programa CSA Partilhar as Colheitas; cumprimos no desempenho de todas as tarefas normais bem como as extraordinárias, sem acidentes de relevo e com melhoria dos resultados económicos; recebemos de Paco Casero e de Lee Plenty Wolf o testemunho do respeito à água; constituímos a Cooperativa de Usuários do Freixo do Meio; iniciámos a participação em três projectos europeus, um como promotores (Grupos Operacionais Ecomontado XXI) e dois como parceiros (LIFE – Montado & Clima a need to adapt, True – leguminoses in Europe); e iniciámos as operações de instalação do projecto de Agrofloresta Novo Montado da herdade do Freixo do Meio.
Apesar da satisfação proporcionada pelos pequenos passos que acertámos, estamos conscientes das nuvens de fumo que continuamente se adensam à nossa volta, marcadas pela desarmonia que levou aos fogos, pelo desrespeito pelas gerações futuras, pela alienação da sociedade, pela desresponsabilização geral, pelo expoente do individualismo e da competição, por uma governança imediatista, pela fragilidade dos pilares do estado social (saúde, educação, alimentação e habitação), pelo afastamento geral das questões sociais e ambientais, pelo aumento da ineficiência total dos processos e consequentemente dos danos, pelo aumento da desconfiança e do medo… Acreditamos que este nevoeiro não corresponde ao que interiormente desejamos, pelo que devemos trabalhar para o dissipar.
Estamos essencialmente empenhados em contribuir para o fortalecimento de uma visão de colectivo, tentando para isso articular, regular e harmonizar – através da cooperativa sectorial em que nos queremos organizar – as diferentes comunidades de usuários do Bem Comum Herdade do Freixo do Meio. O grande objectivo passa por criar espaço para a prática e o fomento da cooperação, criação de confiança, de transparência, de ajuda e de inclusão.
A Cooperativa de Usuários do Freixo do Meio resulta naturalmente da experiência dos últimos dois anos do programa CSA – Partilhar as Colheitas; em Setembro de 2015, inspirada no movimento mundial AMAP/CSA, a herdade do Freixo do Meio criou com a colaboração de todos esta forma de distribuir a produção, passível de tender para uma comunidade organizada que ao mesmo tempo a viabilize.
A Cooperativa de Usuários do Freixo do Meio, Crl, que iniciou a sua actividade em Janeiro deste ano, assumindo as áreas de transformação e de comercialização do projecto desenvolvido desde 1990, incluindo o programa CSA. pretende essencialmente integrar e regular os diferentes usos deste Bem Comum. Para tal, adoptou uma vocação integral, embora se centre inicialmente no alimento. Cremos que a abordagem sectorial limita a verdadeira interiorização do Comum, pelo que integramos diferentes sectores autónomos: consumo (sector de referência), prestação de serviços, produção agroecológica, comercialização, habitação, educação e saúde.
Assim sendo proprietários, prestadores de serviços, consumidores, habitantes, agricultores, vizinhos e utilizadores lúdicos, entre outros, organizar-se-ão como cooperantes nos diferentes sectores que formam esta realidade reconhecida no âmbito da Lei Portuguesa de Economia Social. A Cooperativa admite ainda cooperantes donatários e investidores, com as salvaguardas necessárias para assegurar os interesses da instituição.
Como as demais cooperativa os princípios que a regem são: adesão voluntária e livre; gestão democrática pelos membros; participação económica dos membros; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação; e interesse pela comunidade. Sendo amplo o seu âmbito de actuação, este desdobra-se em: fornecer aos seus membros alimentos ou serviços provenientes da herdade do Freixo do Meio e de projectos agregados ou ali levados a cabo, ou seja: produção agroecológica, transformação e distribuição de produtos, turismo de natureza, solidariedade social, assistência técnica, gestão de lojas, restauração, contabilidade, educação, formação técnica e consultoria. Como ainda promover actividades complementares, destinadas à promoção da salvaguarda dos direitos do consumidor e do meio ambiente, apoiar às explorações agrícolas, desenvolver produtos de qualidade, incrementar o desenvolvimento sustentável das florestas, o processo tecnológico e experimentação agro-florestal, serviços agro-rurais, requalificação ambiental e valorização do ambiente e do património rural.
CONVIDAMOS OS CO-PRODUTORES, CLIENTES E OUTROS USUÁRIOS DA HERDADE DO FREIXO MEIO INTERESSADOS A PARTICIPAREM NESTA COOPERATIVA
Para formalizar a aceitação do convite terá de aderir por escrito, bem como, após ser admitido, subscrever, pelo menos, 100€ (cem euros) de capital por cada secção em que se inscreva.
Pela direcção da Cooperarativa dos Usuários da herdade do Freixo do Meio