No Montado do Freixo do Meio, vivemos com entusiasmo, estes últimos meses do ano agrícola que em breve (21 setembro) vai acabar. As consequências do “Novo Clima”, que todos nós criámos, afetaram-nos drasticamente (Ondas de calor «reflorestação, – condições de vida e de trabalho, – visitas»; Concentração de chuvas; Geadas; Vento…).
Esta nova, mas esperada realidade, contrasta com a “banalidade do mal” vivida pela maioria dos que nos rodeiam, tão bem descrita por Viriato Seromenho Marques no artigo “Incendiar os oceanos: a nova distopia do Antropoceno”. Perante esta absurda realidade, o nosso grito de revolta consiste essencialmente em não parar de tentar servir, conversar, proteger, cuidar, colher, transformar, partilhar…
Ao longo destes meses quentes muitas perguntas foram feitas nas conversas com todos os que passaram por cá. Destacamos o José Pacheco, o Jürgen Klienvaechter e Deepak Gadhia, o Celestino Ruivo, a Diane Patterson, o Paulo de Carvalho, a Cleo Lima, o Paco Casero, a Ana Luísa Janeiro, entre outros.
Os trabalhos de manutenção e de recoleção nos ecossistemas foram marcados pelo “Novo Clima” mas decorreram com a normalidade possível. Colhemos a uva para mosto (sumo) um mês mais cedo que o normal, obtivemos um quarto da fibra vegetal que costumamos conservar, levámos a cabo a operação de secagem de folhas de videira para a Weleda, trabalhámos os últimos quilos de bolota do ano passado, tosquiámos e afilhámos as nossas ovelhas. Estes dias claros e longos também foram usados nas regas das jovens plantações.
Assistimos com esperança à resiliência das nossas agroflorestas e saboreámos com orgulho os seus primeiros frutos: figos, pêssegos, maças, peras, uvas, maçanitas da índia…
Recebemos várias residências e visitas, onde destacamos o eco-campo de trabalho organizado pela AMAA, a visita de Agricultores da Região de Lagos, o “Encontro entre a cultura Celta e Guarani” organizado pela AlmaGaia, o Festival Dusk, o Acampamento do colégio Pedro Arrupe, a visita do Colégio Laura Vicuña de Vendas Novas, a visita e reflexão no âmbito das JMJ organizada pela Magis, ou o dia da visita do Agrupamento Escolar de Montemor-o-Novo.
Organizámos um momento de trabalho e partilha em torno da adequação de técnicas fundamentais como a poda e a enxertia de árvores de fruto no âmbito do “Novo Clima” com o mestre e amigo Raúl Rodrigues.
Continuamos a tentar promover novas fórmulas de abastecimento alimentar através dos mercados francos, locais e diretos a que chamamos “Mercados Domingueiros”. Apesar da pouca adesão dos “consumidores”, o Mercado de Verão decorreu com alegria e esperança. Inaugurámos, neste dia, a Exposição e lançámos o livro com a Obra resultante da Residência Artística do Grupo do Risco. Levámos ainda a cabo mais um Encontro de Poesia nos Bosques, o quinto, desta vez em homenagem a Luis Carmelo.
Durante este verão elaborámos ainda um Programa Pedagógico com duas áreas temáticas, Agroecologia e Arqueologia, com várias atividades adequadas a cada faixa etária e grau de ensino. Ajude-nos a divulgar, junto da comunidade educativa, esta nossa vontade de contribuir para a literacia ecológica.
No dia 8 de outubro voltamos a insistir com o nosso Mercado do Outono. Contamos consigo na luta por garantir um planeta em que todos possamos viver!