Albino Lopes, Fernando Romana, Luis Barrosa, Ruben Raposo, Alfredo Sendim
Gestão e Desenvolvimento, 32 (2024), 21-40
Esta proposta de experienciação vivida encontra-se organizada em moldes de etapas de um percurso (ou narrativas) de cerca de 7.000anos de um tipo de povoamento em contexto de sustentabilidade eco-económica à margem da economia cerealífera típica do Médio Oriente.
Resumo
Identificam-se, no texto, o que designamos de etapas (ao jeito de breves narrativas) um projeto que se pretende “inovador” de “turismo científico” organizado em passos de uma experiênciação única. As
condições do caso de estudo são de ordem quase-laboratoriais. O contexto apresenta-se como o de uma “eco-árqueo-história agro-florestal” do padrão de povoamento mediterrânico-peninsular. Em lugar de se escolher uma abordagem racionalista para refletir sobre os factos em discussão, segue-se uma abordagem à Gabriel Garcia Marques para se fazer experimentar às pessoas comuns o essencial do
que está em causa. Só que em lugar de um romance opta-se, neste caso, pela escolha da força de um espaço a explorar, como só pode fazer-se no âmbito de uma digressão turística colocando-se o próprio espaço (a título de personagem) no centro da narrativa. O espaço da Herdade do Freixo do Meio (HFM) conta, efetivamente, uma história radicalmente diferente da narrativa dominante e que faz depender a era da sedentarização como um resultado da designada “revolução (neolítica) dos cereais”.
Efetivamente, procura dar-se conta, neste texto, de um “percurso conceptual”, em 10 etapas, ou narrativas, deduzidas da nossa observação direta no terreno, complementada por diversas entrevistas
com os atores mencionadas no texto, cobrindo cerca de 7.000 anos de povoamento, no espaço da Herdade do Freixo do Meio (HFM), em Foros de Vale Figueira – concelho de Montemor o Novo, uma
propriedade que permite demonstrar a possibilidade de existir uma plena sustentabilidade, de todos os pontos de vista, ou seja, de valores assentes na justiça social, demográfica, económica e, naturalmente,
ecológica. O projeto de guião (script) de um roteiro turístico, idealizado enquanto possível produto vendável, visa amplificar o trabalho, verdadeiramente invulgar pela ambição de romper com
qualquer vínculo ao passado da exploração latifundiária, realizado na HFM, na fase difícil, do desenvolvimento do projeto, visto do lado do estímulo à procura. Este projeto propõe-se “ajudar” a divulgar a ação coletiva dos atores da experiência agroflorestal revolucionária da HFM e, dessa forma, encontrar o modelo da sua consolidação, por outro lado, o de um novo ciclo de estímulo à procura. Acresce que, nessa consolidação da procura pelo turismo científico, poderá conceber-se um interesse particular a partir do estudo ora proposto, Segundo pensamos, analisando-o sob um terceiro ângulo, o da sua efetivamente “fácil” repetibilidade, através dos territórios do interior do nosso país, e não só.
Palavras-Chave: neolítico; desflorestação; cereais; desertificação; espaço agroflorestal; sustentabilidade; narrativas; turismo científico; adesão das pessoas.
Leia o artigo completo aqui https://doi.org/10.34632/gestaoedesenvolvimento.2024.n32