Alguns projectos nascem de impulso, outros requerem um pouco mais de tempo, ponderação e o contexto certo para brotar. Assim se escreve a história da recém-formada “REGENERAR – Rede Portuguesa de Agroecologia Solidária”.
A ideia de criar uma rede portuguesa de consumo agroecológico e solidário foi semeada em 2015 no “I Encontro das Associações para a Manutenção da Agricultura de Proximidade”, altura em que se esboçaram as primeiras linhas de uma Carta de Princípios que vem ser repescada e aprovada três anos mais tarde, no dia 15 de dezembro de 2018.
Ultrapassado o compasso de espera, a data histórica tem como pano de fundo a reunião de Assembleia-geral, organizada pela associação Moving Cause. Nesse sábado à tarde, após um almoço-convívio com alimentos orgânicos e regionais trazidos pelos participantes, a aspiração colectiva soou em uníssono numa das salas do espaço Mafa Mood, situado em Vila Nova de Gaia.
Sete grupos de consumo de agricultura de proximidade – entre os quais o “Programa Partilhar as Colheitas – CSA Freixo do Meio” -, constituem o núcleo fundador da “REGENERAR”, nome eleito aproximadamente um mês depois, pela equipa dinamizadora que irá trabalhar nas futuras linhas de ação da rede portuguesa AMAP/CSA.
O encontro contou com 26 participantes, a maioria produtores e co-produtores de todo o país, mas também alguns agricultores e observadores interessados em conhecer e implementar na sua região modelos de produção mais justos e sustentáveis em termos ambientais, sociais e económicos.
A agroecologia, a escala/proximidade humana e a defesa do alimento como Bem-Comum foram nomeados os princípios éticos basilares da “REGENERAR”. A organização informal pretende reconhecer e credibilizar as comunidades de alimento AMAP e CSA já existentes, assim como incentivar a criação de novos grupos de consumo assentes na subscrição de quotas de produção alimentar local.
Embora a origem de um grupo de consumo solidário e agroecológico nos remeta, num primeiro olhar, para uma causa com raízes locais, a sua essência e fundamento trespassa fronteiras, mobilizando atualmente mais de dois milhões de pessoas por todo o mundo (Rede Internacional Urgenci).