Otelina, Joaquim, Diciliana e António são quatro agricultores de Santo Antão, uma das nove ilhas habitadas de Cabo Verde. Estiveram no Montado do Freixo do Meio, de 25 a 30 de Outubro, no contexto do projecto de intercâmbio “No Crê – Água e Energia com Base para o Desenvolvimento Sustentável das Comunidades”, promovido pela Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM).
Já em Junho deste ano, Alfredo Cunhal Sendim visitara o arquipélago e as suas ilhas vulcânicas. Esteve em contacto com estes jovens e com a sua realidade social e ambiental juntamente com o agricultor João Madeira. Durante essa jornada, visitaram várias áreas agrícolas, conheceram iniciativas de desenvolvimento local apoiadas pelo Projecto Raízes, assim como trabalhos desenvolvidos pela ADPM junto da comunidade.
Durante a visita e estadia no Montado alentejano, os jovens cabo-verdianos envolveram-se nas nossas tarefas diárias e participaram, ainda, no 17º Encontro de Coprodutores do Programa “Partilhar as Colheitas” CSA Freixo do Meio. Foi um domingo repleto de partilha e aprendizagem. Contaram-nos os desafios da agropecuária num território árido em que a seca e a falta de recursos são muitas vezes incontornáveis. Em contrapartida, mostrámos de coração aberto a nossa realidade (ainda estávamos a superar a seca deste Verão) e demos a conhecer as experiências regenerativas que temos vindo a testar na produção de alimentos, especialmente o contributo da árvore e das agroflorestas na conservação do solo e da água.
Num dos dias, os agricultores de Cabo Verde acompanharam o responsável da produção animal no Freixo do Meio. Gustavo Nunes explicou a funcionalidade dos animais domésticos para o equilíbrio dos ecossistemas naturais e da introdução do pastoreio holístico para melhorar a terra e a fertilidade das pastagens do nosso Montado.
Depois da passagem pelo Montado do Freixo do Meio, António enviou-nos fotografias de algumas das acções já desenvolvidas na ilha. Disse-nos, depois de regressar a casa, que começou a olhar para a sua horta de outra perspectiva e que já começou a implementar alguns dos princípios de agroecologia apreendidos nesta sua passagem com crianças da sua comunidade.Sentimo-nos lisonjeados e desejamos muita prosperidade e abundância nas próximas colheitas!